A ilação dolorosa que
se pode extrair da situação actual é a de que essas sociedades foram edificadas
à revelia do Evangelho, necessitando as suas bases de mais profundas
transformações. Fundadas com o rótulo de Cristianismo, elas não o conheceram. A
sombra do Deus antropomórfico que criaram para as suas comodidades, inverteram
todas as lições do Salvador, em cujo ideal de fraternidade e pureza asseveraram
progredir e viver. Distanciadas, porém, como se encontram, de uma identidade
perfeita com os estatutos evangélicos, as sociedades europeias sucumbem sob o
peso da sua opulência miserável. Suas fontes de cultura acham-se visceralmente envenenadas
com as suas descobertas e ciências, que são recursos macabros para a destruição
e para a morte. Não existe, ali, nenhuma unidade espiritual, à base do espírito
religioso, mantenedora do progresso colectivo.
Como poderá persistir
de pé uma civilização dessa natureza, se todos os seus trabalhos objectivam o
extermínio dos mais fracos, estabelecendo o condenável critério da força?
O Ocidente terá de
conhecer uma vida nova. Um sopro admirável de verdades há-de confundir os seus
erros seculares. As sociedades edificadas na pilhagem hão-de purificar-se,
inaugurando o seu novo regime à base da lição fraterna de Jesus.
Esperemos,
confiantes, a alvorada luminosa que se aproxima, porque, depois das grandes
sombras e das grandes dores que envolverão a face da Terra, o Evangelho há-de
criar, no mundo inteiro, a verdadeira Cristandade.
(Do livro “EMMANUEL”
de Chico Xavier/Emmanuel, 1938)